A violência de gênero é hiperendêmica no Brasil. Segundo a pesquisa “Visível e Invisível” , do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 17 milhões de mulheres sofreram violência baseada em gênero no último ano. Ou seja, uma em cada quatro (24,4%) brasileiras acima de 16 anos afirmou ter sofrido algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12 meses, durante a pandemia de covid-19.
Quando questionadas sobre o tipo de violência sofrida, 18,6% das mulheres relataram ter sofrido alguma ofensa verbal (insultos, xingamentos e humilhações), 8,5% relataram ter sofrido ameaças de violência física como tapas, empurrões ou chutes, 7,9% afirmam ter sofrido amedrontamento ou perseguição, 6,3% sofreram violência física como tapas, empurrões ou chutes, 5,4% ofensa sexual ou tentativa forçada de manter relação sexual.
Mulheres mais jovens possuem uma percepção maior do que é a violência. Do ponto de vista do perfil destas vítimas, percebe-se que quanto mais jovens, maiores os níveis de violência relatados nos últimos 12 meses.
Entre mulheres de 16 a 24 anos, 35,2% relatam ter sofrido algum tipo de violência; na faixa etária de 25 a 34 anos, 28,6% das mulheres sofreram algum tipo de violência, entre 35 e 44 anos 24,4% das mulheres, entre 45 e 59 anos 19,8% e acima de 60 anos 14,1% das mulheres sofreram algum tipo de violência ou agressão.
Em relação ao perfil racial, mulheres pretas experimentaram os maiores níveis de vitimização (28,3%), seguidas das pardas (24,6%) e das brancas (23,5%). O corte por escolaridade também demonstra uma diferença, mesmo que baixa, em relação à violência sofrida nos últimos 12 meses.
As mulheres acima de 16 anos com ensino médio sofreram mais violência (26,8%) do que as mulheres com ensino superior (23,9%) e do que as mulheres com ensino fundamental (20,6%).
Segundo a pesquisa, maiores níveis de vitimização entre as mais escolarizadas pode ser efeito, em alguma medida, da compreensão que esta mulher tem do que é uma violência.
“Considerando os altos níveis de violência doméstica e intrafamiliar com que o Brasil convive há décadas, é de se supor que vários comportamentos violentos estão naturalizados a ponto de não serem compreendidos enquanto tal, o que vem mudando recentemente entre as mais jovens, com o avanço dos níveis de escolaridade bem como com as mudanças culturais”, destaca o estudo.
Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública