Eu tinha acabado de fazer 18 anos. Minha tia havia se casado com o namorado de mais de 10 anos. Eles estavam muito felizes, tinham acabado de se mudar, e para conhecer o lugar novo só faltava minha irmã, o namorado dela e eu. Então a ideia foi fazer um jantar, com bastante vinho.

No fim, todo mundo ficou conversando até cair no sono. O convite era para que a gente passasse a noite no quarto de visitas. Eu cochilei no sofá, e não sei quando exatamente minha irmã resolveu ir embora com o namorado. Acordei com o meu vestido pra cima, sem calcinha e com o marido da minha tia passando a mão em mim. Desesperei. Levantei de súbito e vi que minha irmã não estava, e que minha tia dormia pesado do meu lado. Corri e ele veio atrás, rasgou o meu vestido. Mas quando gritei, ele correu e fingiu estar dormindo do lado dela.

Me tranquei no quarto e saí escondida de madrugada. Com medo de fazer a coisa errada.

No dia seguinte meu pai brigou feio comigo porque eu tinha sido mal educada, como se eu fosse fugir no meio da noite sem motivo.

A primeira pessoa que contei foi a primeira que apareceu, minha madrasta, que disse pra eu não contar nada ou ia acabar com o casamento deles, e pior, com toda a família.

Eventualmente, depois de algumas crises depressivas, minha família percebeu e eu contei tudo. 

Minha tia ainda é casada com ele.

Minha família ainda convive com ele.

Meu pai ainda toma cerveja com ele.

No fim, ninguém quis denunciar por eu ser maior de idade, e eu com medo, também não o fiz. 

Depois de algumas tentativas de suicídio sem sucesso, confesso, continuo morrendo de medo de todo e qualquer homem que chega perto de mim ao mesmo tempo que procuro uma figura paterna e protetora na maioria.