O Me Too Brasil vem a público prestar solidariedade e apoio às candidatas mulheres que sofreram violência política de gênero no primeiro turno das eleições de 2024, em especial, à candidata a vice-prefeita de Porto Velho (Psol/RO), Lili Rodrigues, que corajosamente denunciou que foi estuprada após uma reunião política. O caso representou a mais brutal denúncia de violência contra mulheres neste pleito que teve ocorrências de ataques verbais, morais, físicos e psicológicos às candidatas.


A violência sexual atinge a dignidade, a integridade física e psicológica de maneira profunda e devastadora. É uma tentativa de controle, dominação e humilhação da vítima. Quando ocorre no contexto político, ela reflete e amplifica a expressão cruel do machismo de deslegitimar, restringir e até impedir a participação das mulheres nas decisões públicas.


Ao mesmo tempo, o Me Too Brasil observa que a omissão e o apagamento de violências contra mulheres cometidas por candidatos homens compromete a transparência e perpetua uma cultura de impunidade. Quando denúncias são ignoradas ou minimizadas, transmite-se a mensagem de que esses atos são irrelevantes e não desqualificam os candidatos, desrespeitando as vítimas e enfraquecendo a ética no cenário político.


Esta foi a primeira eleição municipal realizada sob a vigência da Lei nº 14.192/2021, que criminaliza a violência política contra a mulher. Esse crime afeta todas as mulheres por reforçar barreiras e desestimular a participação feminina na vida pública e nas esferas de decisão. Ela não apenas agride a vítima direta, mas ameaça todas as mulheres que lutam por seus espaços e direitos.


A luta pela representatividade feminina na política tem envolvido diversos setores da sociedade, entre organizações da sociedade, empresárias e políticas mulheres, mas ainda há um longo caminho a para a diversidade ainda ser trilhado. No primeiro turno desta eleição, 9 em cada 10 prefeitos eleitos são homens. Apenas 13,2% são mulheres, mesmo sendo a maioria entre os eleitores, o que significa um pequeno aumento em relação aos 12% do pleito em 2020.


A organização manifesta apoio a todas as candidatas que sofreram violência nestas eleições e está acompanhará de perto o 2º turno, que terá a participação de oito mulheres nas eleições de 15 capitais. A organização segue em defesa das vítimas de violência sexual e da liberdade de participação e expressão política das mulheres. Sem a garantia de um ambiente seguro e livre de violências contra as mulheres, o Brasil continuará a reproduzir um sistema político machista, excludente e opressor.