Eu lembro que foi na casa da minha avó, mãe da minha mãe. Estava escuro, eu estava acordando e tinha uma pessoa me beijando, a pessoa disse "abre a boca", eu abri e a pessoa introduziu a língua na minha boca. Eu não lembro a idade que eu tinha, só lembro que eu não usava mais fralda, então eu deveria ter por volta dos 4 anos de idade.

Depois, eu senti que a pessoa estava tirando a minha calcinha, eu senti a pessoa encostando seu órgão genital no meu. Depois eu lembro de uma dor na minha região genital e uma dificuldade para respirar como se a pessoa estivesse colocando a mão na minha boca, eu tentava gritar, a pessoa dizia "relaxa". Eu usei toda a minha força e consegui escapar. Eu abri a porta. Eu estava no corredor da casa da minha avó no lado de fora do quarto que ficava na frente. Eu fui para a frente da casa da minha avó, tinham pessoas bebendo em uma mesa, meu tio estava na mesa e me viu chorando na porta da casa e me perguntou "por quê você está chorando minha filha?". Eu não conseguia falar, eu não tinha entendido o que tinha acontecido. Eu vi minha mãe do outro lado da mesa conversando com alguém, eu fui para perto dela chorando, eu não conseguia explicar o que tinha acontecido, porque nem eu tinha entendido. Eu falei uma frase "o Fulano me pintou". Eu só sabia a palavra pinto para órgão genital masculino, o que eu quis dizer foi que ele tinha esfregado seu órgão genital em mim e eu estava sentindo dor na minha região genital, eu não sabia o que era sexo.

Depois não lembro de mais nada. Essa mesma frase eu perguntei a minha mãe "você lembra quando eu te disse 'o Fulano me pintou'?", ela ficou desconcertada e vi nos olhos dela a surpresa em saber que eu ainda lembrava disso, depois ela disse "isso não aconteceu com você, tire isso da sua cabeça". Eu disse "eu tentei tirar isso da minha cabeça por 30 anos, mas essa memória me atormenta até hoje". Ela sabe, mas tem vergonha e medo. Eu me sinto triste em saber que não posso contar com ela.