O Me Too Brasil e a Plan International Brasil lançam, nesta segunda-feira (21), o Cartão Vermelho, uma campanha de utilidade pública voltada para a violência contra mulheres no ambiente do futebol. O foco é, além de conscientizar o público feminino, engajar meninos e homens em discussões sobre respeito e consentimento, bem como pressionar as autoridades do esporte, clubes de futebol e patrocinadores a adotarem medidas efetivas contra o assédio sexual nos estádios, nos clubes de futebol e em todo o ambiente esportivo.
A iniciativa terá ampla divulgação nas redes sociais e também contará com uma pesquisa direcionada ao público feminino para compreender a extensão do assédio e da violência vivenciados nesse espaço. As entidades pretendem acionar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), os dirigentes do futebol e as lideranças do Ministério dos Esportes para que se comprometam com políticas e ações de segurança para meninas e mulheres dentro e fora dos estádios.
“Existe uma necessidade urgente de conversarmos diretamente com o público masculino sobre esse tema em um país que, apesar de 18 anos da Lei Maria da Penha, segue sendo o quinto no mundo em feminicídio. A cada oito minutos, uma mulher é estuprada, e 61% dos casos envolvem crianças e adolescentes com menos de 13 anos de idade, na maioria meninas. Existe uma necessidade gigantesca de engajarmos os homens no enfrentamento e na prevenção desse problema”, aponta Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil.
A campanha é motivada pelo histórico de casos não só de denúncias e condenações criminais envolvendo jogadores, mas também de casos de assédio sexual no futebol feminino. Um estudo da jornalista Camila Alves, divulgado em 2023, mostrou que quase metade das jogadoras das Séries A1, A2 e A3 do Campeonato Brasileiro já sofreu assédio sexual ou moral. Mesmo com denúncias, como as feitas recentemente por jogadoras do Santos contra o treinador, foram ignoradas; o técnico foi afastado, mas não demitido pelo clube.
“A Plan International Brasil se une ao Me Too Brasil, olhando tanto para meninas quanto para mulheres, mas também para meninos e homens. Precisamos engajar o público masculino para educar os meninos, desde cedo, para respeitarem os limites do pleno e positivo consentimento”, explica Cynthia Betti, CEO da Plan International Brasil.
A partir de um formulário online, que já está disponível, as mulheres poderão relatar as suas experiências nos estádios brasileiros e opinar sobre medidas necessárias para democratizar o ambiente do futebol.
Acesse o questionário online e contribua: https://forms.gle/d4HRby8b3T3U6NSHA