Estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre a prevalência da violência contra adultos no Brasil, publicado nesta segunda-feira (13) na Revista Brasileira de Epidemiologia, revela que uma em cada três mulheres, em todo o mundo, sofre algum tipo de abuso por parceiro íntimo.
O levantamento traz o perfil da prevalência e dos fatores associados à violência contra a mulher no Brasil, a partir de análise da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019.
Mulheres na faixa etária de 18 a 24 anos, negras, com baixa escolaridade e renda, e da região Nordeste são o maior alvo da violência. Os tipos de violência mais relatados pelos entrevistados (população adulta no geral) foram psicológica (17,4%), física (4,1%) e sexual (0,8%).
Segundo o estudo, a mulheres foram as vítimas predominantes em todos os tipos e mecanismos de violência. O agressor mais citado foi o/a parceiro/a íntimo/a, e os locais mais frequentes de ocorrência da violência foram residência, vias e locais públicos.
Segundo estudo, 43% das mulheres brasileiras declararam ter sofrido violência praticada por um homem na vida e pelo menos 30% admitiram ter sofrido alguma forma de violência física, 13% de violência sexual e 27% de violência psicológica.
Levantamento que determinou a exposição à violência doméstica constatou que, de 26,6% das mulheres expostas, a maior parte sofreu agressão verbal e emocional. As vítimas afirmaram que a violência ocorreu por causa de raiva instantânea de seus parceiros e que, mesmo após o abuso, mantiveram seu casamento para garantir que seus filhos não crescessem em uma família sem pai.
Evidências de base populacional confirmam que a violência por parceiro íntimo (VPI), sobretudo contra mulheres, continua sendo um problema generalizado de saúde pública que envolve direitos humanos na Região das Américas. Além disso, a violência por parceiro íntimo foi significativamente correlacionada à pouca idade na primeira união, bem como ao alto número de partos e gestações indesejadas.
ATENDIMENTO
A procura por atendimento após a exposição à violência foi significativamente maior nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em relação à região Norte. Considerando-se que a denúncia da agressão representa um dos primeiros passos na busca por atendimento, resultado semelhante mostrou que o maior número de registro de denúncias no Disque 100 veio das regiões Sudeste (42,27%), Nordeste (28,46%), Sul (14,08%), Centro-Oeste (8,40%) e Norte (6,79%).
O estudo reforça a necessidade de preparar os sistemas de saúde para o atendimento e o acompanhamento das vítimas, até mesmo com encaminhamentos a serviços específicos, garantindo a inclusão das vítimas em linhas de cuidado e serviços de proteção.