Eu tinha 8 anos, hoje 10 anos depois, lembro como se fosse ontem.
Foram vários abusos seguidos, todas as noites em que ia dormir na casa da minha melhor amiga da época. O pai dela: conservador, homem de família, adorado por toda a cidade... Sempre o vi como figura paterna. Até a primeira vez em que ele me tocou, introduziu o início de seu órgão em mim enquanto eu conversava com a filha dele que estava na parte de cima da beliche. Eu não consegui reagir, paralisei, não conseguia sequer me afastar.
Na segunda vez ele me levou para a garagem, me obrigou a tirar as calças e me pressionava contra seu carro, sem que eu sequer pudesse ver o que ele estava fazendo comigo, apenas sentia dor e com vontade de correr dali. Não conseguia mais ficar nua nem na frente do espelho. Sentia vergonha de mim e muito medo dele contar para minha mãe o que “eu” fazia.
Na minha cabeça, eu estava errada. Estava deixando. Cheguei a me questionar anos depois até mesmo se eu não estaria gostando daquilo. Após isso, foram inúmeros abusos, eu pedia aos meus responsáveis para não ir, mas alguém precisava cuidar de mim para minha mãe trabalhar. Segui calada carregando a culpa de não ter denunciado tudo o que esse monstro fez comigo. Tenho medo dele ter feito o mesmo com outras crianças.